sábado, 13 de junho de 2009

Hoje é dia de Fernando Pessoa

"No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto".
Do poema Aniversário, escrito em 13 de Junho de 1930.

Para ser grande, sê inteiro


Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.

Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.

Assim em cada lago a lua toda

Brilha, porque alta vive

Hoje comemora-se os 121 anos de nascimento do grande poeta Fernando Pessoa, para mim o maior poeta português de todos os tempos (que me desculpe o Camões!) No dia 13 de Junho de 1888 nascia Fernando António Nogueira Pessoa, numa quarta-feira, às 15h20, em Lisboa.

Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
Não há nada mais simples.
Tem só duas datas - a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra todos os dias são meus

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Um menino diferente - Maria João Lopo de Carvalho [Opinião]

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Título: Um Menino Diferente
Autor: Maria João Lopo de Carvalho
Nº Págs.: 48
PVP: 10,50€

Diferente, igual a tantos outros

Ilustrado por J.C. Cintra Costa, Um Menino Diferente conta a história de Afonso, uma criança especial que, apesar de aprender a ler com facilidade e encontrar coisas, aparentemente, impossíveis de descobrir, se depara com sérias dificuldades na prática das mais simples acções como lavar a cabeça, utilizar o computador ou, lamentavelmente, mimar o seu cão.

A minha opinião
Um livro para crianças e adultos que ainda vêm na diferença uma coisa a evitar. Sabe-se que as crianças são muitos cruéis e que na escola, quando vêm alguém um bocadinho diferente a si, tendem a evitá-lo e a discriminá-lo. Mas também tudo parte da educação que se dá em casa. Porque um menino diferente é sempre um menino especial, que pode não saber fazer as coisas mais básicas e elementares, mas que sabe fazer outras melhores ainda do que qualquer outra criança. Afonso é um desses meninos. Nasceu diferente, diz a mãe. Nasceu especial, diz o pai. Um menino que conquistou todos os que o rodeavam com a sua facilidade para ler, e para encontrar coisas. De destacar as ilustrações fantásticas do livro, que ajudam a enriquecer ainda mais esta obra.

Os direitos de autor do livro de Maria João Lopo de Carvalho revertem para a associação de solidariedade social Ajuda de Berço.


Excerto
“ – Eu não te disse que o Afonso era diferente?! – afirmava a mãe, orgulhosa, durante a cerimónia. - Não – respondia o pai baixinho -, eu sempre te disse que o nosso filho não era diferente, era especial, um menino que nasce com os olhos nos dedos é um menino especial!”


quarta-feira, 10 de junho de 2009

13 gotas ao deitar - Alice Vieira, Catarina Fonseca, Rosa Lobato de Faria, Luísa Beltrão, Rita Ferro, Leonor Xavier [Opinião]

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Título: 13 Gotas ao Deitar
Autoras: Alice Vieira, Catarina Fonseca, Rosa Lobato de Faria, Luísa Beltrão, Rita Ferro, Leonor Xavier
Edição/reimpressão: 2009
Páginas: 202
Editor: Oficina do Livro
Preço: 14 €
1.ª Edição

Sinopse
Quando seis autoras se juntam para escrever uma história, o resultado é um romance alucinante, onde não faltam mulheres e homens, doenças raras, médicos de índole suspeita, polícias e muito mistério, tudo servido em doses de humor irreverente.

A história, nascida da imaginação de seis mulheres, promete personagens e uma prosa bem viva… apesar das mortes que vão ocorrendo, como é bom de ver. Este romance constitui um divertimento para as seis escritoras que se encontraram (reencontraram, num caso ou noutro) pelo prazer de dar largas à imaginação e escrever, cada uma, dois capítulos do livro. Quantas mulheres existem na cabeça de Maria Marina Silveira Figueiroa?
Marina, que às vezes é Odete, outras dá pelo nome de Maria Eduarda e ainda responde como Francisca, é surpreendida por um telefonema do banco: tem uma dívida ao IRS e a sua conta bancária está penhorada. Desesperada e sem dinheiro, decide recorrer ao amante de Maria Eduarda, Lourenço, inspector da Polícia Judiciária, que, às tantas, deixa de atender o telemóvel e de responder às mensagens. Quando menos espera, a notícia cai como uma bomba: Lourenço é encontrado morto.
Maria Eduarda é detida por suspeita de homicídio e, quando tudo parecia resolver-se, Henrique, o namorado de Marina é assassinado. Acto contínuo, os dias de Maria Marina são passados na Judiciária e é aí, entre um interrogatório e outro, que conhece D. Querida Flor Cerqueira e se apaixona por Couto Pinto. E o verdadeiro mistério começa então a desenhar-se...

A minha opinião
À semelhança de O Código d’Avintes, Os Novos Mistérios de Sintra e Eça Agora, não podia resistir a este livro escrito por seis mulheres, algumas delas integrantes das três obras indicadas acima. Desta feita, Luísa Beltrão, Rosa Lobato de Faria e Alice Vieira os homens de parte (Mário Zambujal, José Jorge Letria, João Aguiar, José Fanha) e partiram à aventura deste livro que conta a história de Maria Marina, uma mulher que sofre de personalidade múltipla, uma doença ainda bastante desconhecida. Por coincidência, li sobre a doença muito recentemente na revista Sábado e fiquei surpreendida. Eu própria também nunca tinha ouvido falar de uma doença que traz muitos problemas aos seus portadores, mas também à família que tem de estar bem preparada para a enfrentar. Maria Marina é muitas mulheres numa só. Tanto é Eduarda, como Francisca, como Odete. Em comum apenas partilham o corpo, já que de personalidade são mulheres bastante diferentes. Pelo caminho conhecem muitos homens e passam por muitas aventuras. Mas aventura maior é quando Eduarda é acusada da morte do seu namorado/amante Lourenço inspector da Polícia Judiciária. Eduarda em corpo de Marina enfrenta as acusações sem se conseguir defender, quando, de seguida, é acusada de uma outra morte: a do seu namorado Henrique. Mas é aí que conhece o inspector Couto Pinto e tudo começa a resolver-se. Apaixonam-se e casam-se e o novo inspector desvenda o mistério das mortes… Não posso dizer que este livro que me surpreendeu porque já estava à espera da intriga e do mistério que estes livros escritos por várias pessoas me têm proporcionado. Mas é um livro que se lê num ápice, e a pensar já no seguinte. Aquando da tertúlia sobre blogues promovida pela Porto Editora e da qual fiz parte, conheci Rosa Lobato de Faria e no jantar perguntei-lhe o óbvio: como é que se consegue fazer um livro com tanta gente… e tantas mulheres? A autora respondeu que só se consegue porque são todas boas amigas, embora os gritos de discussão que por vezes tinham numa sala da editora fez com que um colega lhes batesse à porta e perguntasse o que se estava a passar já que a história era tão empolgante que só poderia resultar nesta animada discussão, digo eu. Pelo menos uma coisa é certa: o segundo livro já está a ser escrito. Para os amantes deste género de literatura é uma óptima notícia. Venham mais.

Excertos
"Perdera os três homens que alguma vez amara. Mas toda a gente parecia insensível a esse facto. Afinal, a Querida não tem coração. Tem um corpo do tamanho do Entroncamento, uma voz do tamanho da feira da Malveira, uns pés do tamanho da linha do Tua não desactivada.

Mas coração é que não. Coração é que não."

Sobre personalidade múltipla
Segundo o site da Infopedia, a personalidade múltipla é uma patologia da personalidade que se encontra fragmentada em duas ou mais personalidades, que são distintas e que possuem controlo total do comportamento do sujeito.

Os primeiros apontamentos sobre esta temática surgiram por volta de 1816 e, posteriormente, através dos casos com o pseudónimo "Juliette" apresentado pelo psicólogo clínico francês Pierre Janet e com o pseudónimo "Christine Beauchamp" descrito na obra The Dissociation of Personality (Dissociação da Personalidade , 1906) da autoria do escritor americano Morton Prince.
Ao longo da nossa vida assumimos vários desempenhos (pai, avô, professor, Investigador, etc.), a personalidade múltipla que é um caso de comportamento dissociado acontece quando tais desempenhos perdem o contacto uns com os outros ou quando uma personalidade secundária vem complementar aquilo que nos falta.
É importante comentar que uma personalidade secundária ou escondida pode, muitas vezes, ser a mais "normal", a mais ajustada e a mais saudável das personalidades.
Um estado de fuga pode ser longo (durante largos meses ou até mesmo anos) ou curto (apenas um episódio de algumas horas ou de um dia), mas quando a pessoa regressa à sua normalidade, retomando o que deixou para trás, nunca se recorda do sucedido durante a fuga.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Robin Cook esteve em Portugal

O conceituado escritor Robin Cook esteve em Portugal para uma conferência de imprensa, precedida de sessão de autógrafos.
Nascido na década de 40, em Nova Iorque, Robin Cook formou-se em Medicina
(especializado em Oftalmologia) pela Universidade da Columbia e fez a pós-graduação em Harvard. Conhecido como o criador do «thriller médico», as suas histórias têm como pano de fundo os hospitais e os seus protagonistas. Autor de diversos best-sellers, entre eles, Estado Crítico, Marcador, ou, mais recentemente, O Corpo Estranho.
Alguns dos seus livros foram adaptados
para séries ou telefilmes: Coma (1978), Intenção Criminosa (1993), Medo Mortal (1994), Vírus (1995), Terminal (1996), e Invasão (1997). Há trinta anos que se mantém como o autor de maior sucesso deste género a nível mundial.

Novo livro de Francisco Moita Flores apresentando dia 16 em Lisboa

O Sangue da Honra assim se chama o novo de FranciscoMoita Flores da Sextante Editores.
A história centra-se em Frank Capra, um dos grandes mitos de Hollywood, começou por se chamar Francesco e nasceu na Sicília, em Bisacquino, um lugar perdido nas montanhas que também viu nascer D. Vito Cascio-Ferro, um dos fundadores da Máfia siciliana e o mandante do assassinato de Joe Petrosino, famoso polícia de Nova Iorque, nascido em Nápoles. Três homens que se cruzam aqui numa história extraordinária, das que forjaram o nosso tempo na viragem para o século xx. Cinema, Máfia e ópera são o pano de fundo deste novo Era uma vez na América.
O livro, baseado numa investigação de António de Sousa Duarte será apresentado por Almeida Rodrigues, Director Nacional da Polícia Judiciária, no dia 16 de Junho, pelas 18h30, no El Corte Inglés de Lisboa.

Poesia de Camões e A Escriba na Feira

Naqueles que são os últimos dias da Feira do Livro do Porto (FLP), o Espaço da Porto Editora no evento acolhe, já amanhã, Dia de Camões, a sessão de lançamento do livro “Poesia de Luís de Camões para Todos” e, no fim-de-semana, as sessões de autógrafos com o escritor espanhol Antonio Garrido, autor de A Escriba, e José António Gomes, organizador da antologia de poemas camonianos.

No Dia de Camões, a Porto Editora organiza no seu Espaço a sessão de lançamento da obra "Poesia de Luís de Camões para Todos”. O espanhol Antonio Garrido autografa A Escriba no último fim-de-semana do evento. No âmbito do plano de actividades traçado no início da Feira do Livro do Porto (FLP), a Porto Editora despede-se do evento com a apresentação de um livro e três sessões de autógrafos. Já esta quarta-feira, 10 de Junho, Dia de Camões, será apresentado, a partir das 15h30 no Espaço da Porto Editora, o livro “Poesia de Luís de Camões para Todos”, com selecção e organização de José António Gomes. Além do autor, também a ilustradora Ana Biscaia estará presente para conversar acerca desta antologia de poemas camonianos destinada,
preferencialmente, ao público infanto-juvenil. A colectânea é a nona obra da colecção Oficina
dos Sonhos dedicada aos grandes clássicos da literatura.
No próximo dia 13, sábado, o Espaço da Porto Editora na FLP recebe, às 15h30, o autor Antonio Garrido para uma sessão de autógrafos do seu livro, “A Escriba”. No Domingo, último dia do evento, também a partir das 15h30, o escritor espanhol volta a receber os fãs e partilha o Espaço com José António Gomes que assinará o recentemente apresentado “Poesia de Luís de Camões para Todos”.

Uma longa viagem com José Saramago – João Céu e Silva [Opinião]

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Título: Uma Longa Viagem com José Saramago
Autor:
João Céu e Silva
N.º Págs.: 416
PVP: 19 €


Sinopse

José Saramago, Prémio Nobel da Literatura em 1998, é certamente o escritor português mais traduzido, e mais lido, no estrangeiro. E, no entanto, talvez não seja tão profundamente conhecido no seu próprio país como seria de esperar. Portugal reconhece-o pelos livros que escreveu e que surpreenderam muitos milhares de leitores, mas desconhece-o porventura em muito da sua intimidade e até do seu pensamento. Durante as dezenas de horas de conversas sem tabus de que resultou Uma Longa Viagem com José Saramago, procurou-se ir além de algumas verdades feitas sobre o autor que reinterpreta o Evangelho, que optou pelo exílio ou que profetiza a inevitabilidade da União Ibérica.
As respostas de José Saramago foram analisadas por vinte e quatro outros entrevistados, que comentam as suas declarações e a sua prática da escrita, tudo isto num cenário de reportagem dos lugares por onde a sua vida passou e de investigação e análise da sua obra.
Há palavras nunca ditas e outras reditas sob o olhar da actualidade. Sem reticências, como compete a quem durante tão grande conversa começou e acabou um novo livro, e a meio achou que não teria mais vida para terminar o desafio de se revelar num diálogo pouco habitual por tão extenso.
Uma Longa Viagem com José Saramago, da autoria de João Céu e Silva, é o resultado de dezenas de horas de conversas, realizadas ao longo de dois anos, e tendo como cenários o Bairro do Arco do Cego, Azinhaga, Mafra e Lavre, sem esquecer Lanzarote. Um livro escrito ao ritmo de uma entrevista em discurso directo, como deve ser quando se procura desvendar o outro lado de um escritor lido por muitos milhares de leitores. Nesta grande conversa, José Saramago liberta-se de todas as amarras e responde a todas as questões colocadas por João Céu e Silva, mesmo as que entram na esfera mais pessoal do escritor. O seu percurso literário, as suas opiniões sobre Portugal e o mundo, o seu relacionamento com Pilar Del Río, tudo foi falado, tudo está registado neste livro. Não menos interessante é o facto de todas essas respostas serem comentadas por 24 personalidades, todas elas com presença marcante na vida de José Saramago, como Zeferino Coelho, José Carlos Vasconcelos, José-Augusto França e a própria Pilar del Río.

A minha opinião
Parti para a leitura deste livro com algumas reservas. Primeiro porque, apesar de gostar bastante de biografias, a de José Saramago nunca me atraiu por aí além. Gosto de alguns livros do autor como o Memorial do Convento ou O Ano da Morte de Ricardo Reis (este um dos melhores livros que li até agora) e ainda aguardam leitura alguns como A Viagem do Elefante, Todos os Nomes (que comecei, mas não consegui continuar) e uns quantos outros, que estão na minha estante à espera de vez. Mas José Saramago enquanto “personagem” principal nunca me atraiu sobretudo porque a imagem que tinha, e digo tinha porque mudei um pouco a minha opinião, era de uma pessoa antipática, reservada, de poucas palavras. Muitas vezes esqueço-me que tenho muitas destas atitudes de Saramago. A timidez confunde-se muitas vezes com a antipatia. Ao fim de lidas 416 páginas posso dizer que o livro me surpreendeu. Se bem que não posso deixar de fazer alguns reparos à forma como o autor João Céu e Silva conduziu as entrevistas, sobretudo aquelas que fez com Saramago. Logicamente que Saramago é uma pessoa com um cariz político acentuado, mas o livro torna-se um pouco maçador (poderá ser para mim que não aprecio a temática) porque incidiu muito sobre a política mundial. Mas o problema maior não é só esse. As perguntas políticas, por exemplo, estão bastante dispersas. Tudo bem que o autor dividiu as entrevistas que fez a Saramago, mas poderia ter juntado as entrevistas numa só e organizá-las de uma outra forma. O mesmo acontece quando fala dos livros com o autor. Dou como exemplo o livro O Ensaio sobre a Cegueira que é falado a meio do livro e que depois é retomado no final do livro quando conversam sobre A Viagem do Elefante. No entanto não posso deixar de realçar as entrevistas que o autor efectuou para elaborar este livro, algumas delas bastante surpreendentes. Destaco ainda o discurso na íntegra que Saramago proferiu aquando do Prémio Nobel que me emocionou bastante, principalmente a parte em que realça a importância dos avós para o seu enriquecimento enquanto pessoa.

Excertos e apontamentos
Não poderia deixar de realçar alguns (muitos) dos excertos que me cativaram ao longo da “viagem”.
Sobre O Homem Duplicado - surge ao espelho a ideia do outro. “Para mim o outro existe, sou eu próprio”. Nascida essa ideia passou a ser necessário articular uma história com personagem. Ensaio sobre a cegueira – nasceu num restaurante na Varina da Madragoa. Pensou “e se nós fossemos cegos? E imediatamente dei a resposta à pergunta: mas nós estamos todos cegos!” O Ano da Morte de Ricardo Reis foi em Berlim, num quarto de hotel. “A ideia é aquela coisinha que se diz em 4 palavras. Depois há que fazer a história”. Nunca foi uma pessoa ambiciosa. Nunca fez nenhum projecto de carreira. “A prova de que eu não tinha projectos para chegar a ser um escritor é que só aos 58 anos é que procurei ser.”
Após a publicação do 1.º livro – Terra do Pecado – “Que deveria chamar-se A Viúva”, em 1947, esteve praticamente 19 anos praticamente sem escrever.
Quando publicou Levantado do Chão, aos 58 anos. “Digamos que aos 58 anos eu tinha escrito uns quantos livros mas não era um escritor”.
O episódio em que Saramago relata como soube que tinha ganho o Prémio Nobel é extraordinário em que conta que soube da notícia no aeroporto de Frankfurt, quando regressava a casa.
“As circunstâncias quiseram que eu tivesse sido serralheiro mecânico”.
O autor relata como decorreu a primeira entrevista com Saramago, que decorreu na sala de estar da casa do Arco do Cego, tendo Saramago descido 20 minutos após a chegada de João Céu e Silva. Não interrompeu a conversa durante 5 horas e deu respostas que se prolongaram por 20 minutos.
“Acho que a terra ainda não soube agarrar a imagem do Saramago e projectar-se”. - Vítor Manuel da Guia, Presidente da Junta de Freguesia de Azinhaga do Ribatejo.
O autor falou ainda com padre Carreira Neves, que recolheu todas as achas possíveis de encontrar para sacrificar José Saramago devido ao livro “O Evangelho Segundo Jesus Cristo”, obra que o fez abandonar Portugal e passar a viver em Lanzarote. Carreira Neves diz que a parte que o mais impressionou no livro foi “quando Jesus está no lago Tiberíades e há aqueles diálogos entre Deus, Jesus e o Diabo. Como criatividade literária foi o que mais me impressionou! Não me fere nada que haja amores entre Jesus e Maria Madalena porque é um romance”.
Saramago revela que tem o hábito de escrever ao fim da tarde, entre as cinco e as nove. “Eu escrevo só duas páginas por dia, não escrevo mais, mesmo que tenha possibilidade de continuar”.
Questionado sobre se sente em Lanzarote inspiração para escrever como se estivesse em qualquer lugar Saramago responde que “isso da inspiração para escrever é uma fábula”.
Mais à frente adianta que não aceita que os seus livros sejam “traduzidos” no Brasil. “A língua é minha, o sotaque é meu”.
“Quando pegamos no livro novo e o abrimos, a gralha normalmente aparece imediatamente, é a primeira bofetada que levamos”.
Sobre A Viagem do Elefante, José Saramago confessa que já tinha essa ideia há 4, 5 anos “mas achei-a tão difícil que a pus de parte. Disse não, vou-me meter numa carga de trabalhos…Mas passou o tempo e no princípio do ano passado perguntei-me: e se eu voltasse ao tema?”
Sobre a literatura de entretenimento Saramago diz que sempre existiu. “E além disso, às vezes, até necessária”, adiantando que um livro de entretenimento pode ser um bom livro. “Agora há outros por aí que não pensam senão em escrever 120 páginas e aí temos livros que quando os abrimos e se lê uma página ou duas é uma vacuidade total”.
“Mas às vezes há ideias boas que não têm futuro”.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Caderno lança O menino e o cavalo de Rupert Isaacson

Título: O Menino e o Cavalo
Autor: Rupert Isaacson
Editora: Caderno
Colecção: Cadernos de sempre
N.º de páginas: 464
P.V.P.: 16€

Rupert Isaacson estará em Portugal, em Junho.

Rupert Isaacson tinha sonhado o melhor para o filho, imaginava as brincadeiras, as conversas, os passeios… Depois de Rowan nascer, porém, começou a perceber que o seu sonho nunca se iria realizar. O menino não falava, não reagia, refugiava-se no seu mundo, fechado numa concha invisível. Era autista.

Devastado, Rupert decidiu lutar contra as evidências. Tentou tudo para se aproximar de Rowan, todas as terapias e escolas especiais - mas em troca ouvia gritos, acalmava espasmo, convulsões. Até que um dia o filho fugiu-lhe das mãos e atirou-se para debaixo de um cavalo. Ao ver aquele menino deitado aos seus pés, o animal baixou a cabeça, em muda submissão. E Rowan, pela primeira vez, começou a falar.. O Menino e o Cavalo é a história real, extraordinária, de um pai que vai até aos confins do mundo para curar o filho. É a aventura de uma família única, que arrisca tudo, movida por uma fé inabalável. E que, nas distantes estepes da Mongólia, consegue finalmente o milagre de abrir a concha, e entrar no mundo misterioso de Rowan.

Sobre o autor:
Rupert Isaacson é britânico, mas vive no Texas, na companhia da mulher Kristin (professora catedrática de Psicologia) e do filho Rowan. Antigo treinador de cavalos, fundou e dirige uma ONG, a Indigenous Land Rights Fund. Como jornalista especializou-se em viagens, e fez reportagens por toda a África, Ásia e América do Norte. Os seus artigos foram publicados nos melhores jornais e revistas do mundo, como o Daily Telegraph e o Daily Mail, a Esquire, a National Geographic ou o Independent on Sunday. Em 2004 editou o seu primeiro livro, The Healing Land: A Kalahari Journey.

Visita do autor a Portugal
O autor Rupert Isaacson estará em Portugal em Junho, disponível para entrevistas.
Oportunamente facultaremos informação quanto ao programa de Rupert Isaacson em Portugal.
A Caderno associou-se à Fenacerci e na compra de um livro está a contribuir com 1€ para a Campanha do Pirilampo Mágico.

Pode ver mais sobre o livro aqui

domingo, 7 de junho de 2009

Sonhar as estrelas - Linda Gillard [Opinião]

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Título: Sonhar as Estrelas
Autora: Linda Gillard
Colecção: Contemporânea
Preço: 19.51€
Pp.: 244

Marianne Fraser, cega à nascença, viúva na casa dos 20 e solitária aos 40, vive num elegante bairro de Edimburgo na companhia da sua irmã Louisa, uma escritora de sucesso. A natureza apaixonada de Marianne encontra consolo e expressão na música, um amor que partilha com Keir, um homem com quem se cruza à porta de sua casa numa noite de Inverno.
Embora vários homens tenham surgido na vida de Marianne, Keir não se compadece com a sua situação. É rude mas também estranhamente delicado. Mas pode Marianne confiar nos seus sentimentos por este desconhecido solitário que quer levá-la para a sua casa na ilha de Skye e «mostrar-lhe» as estrelas?
Linda Gillard vive na ilha de Skye, a noroeste da Escócia. Foi actriz, professora e jornalista, antes de se dedicar à escrita a tempo inteiro. É a autora de Emotional Geology e A Lifetime Burning.

A minha opinião
Viúva aos 27 anos de Harvey, Marianne é uma mulher forte apesar da sua deficiência de nascença. Apesar de ser cega nunca deixou de se divertir, de passear sozinha, de se relacionar com pessoas. Com 40 e poucos anos Marianne conhece uma pessoa que a faz lembrar do antigo marido. Apesar de inicialmente misterioso, Keir depressa começa a conquistar a atenção de Marianne. De tal forma, que a sua irmã, Louisa começa a desconfiar se tudo não passa da imaginação de Marianne. No entanto, quando conhece Keir, Louisa rapidamente muda de opinião e apoia a relação. Um livro leve, mas com uma personagem forte, que consegue ultrapassar todos os obstáculos que se lhe atravessam no caminho. Um livro para se ler no Verão e talvez sonhar com as belíssimas paisagens descritas no livro e que existem na realidade, da ilha de Skye, no noroeste da Escócia, local onde a própria escritora habita. Podem ainda ver o site da escritora aqui

Excertos
“Eu não devia ser guiada por um labrador? Ou brandir uma bengala branca? No mínimo não devia usar uns óculos escuros enormes como aqueles que se tornaram imagem de marca de Roy Robinson e de Ray Charles? Eu sei, eu sei. Na verdade, a culpa é minha por fazer a minha vida quotidiana e ter um ar normal”.
“Não me considero diminuída, excepto pela opinião que os outros têm de mim”.

Tertúlia na Feira do Livro do Porto sobre "O papel dos blogues na divulgação literária"

O Papel dos Blogues na Divulgação Literária" foi o mote lançado pela Porto Editora para uma tertúlia moderada por Rui Azeredo, jornalista e responsável pelo blogue Porta-Livros, e que teve como convidados o jornalista Sérgio Almeida (Jornal de Notícias), Márcia Balsas (blogue Planeta Márcia), Paulo Ferreira do Blogtailors e eu. À mesa juntou-se também Paulo Gonçalves, responsável pela Gabinete de Comunicação e Imagem da Porto Editora numa conversa aberta a todos os que quiseram participar e fazer perguntas.

Numa altura em que se percebe que os media de grande dimensão e mesmo os media locais têm cada vez menos espaço para a divulgação de novos livros, os blogues têm vindo a surgir, cada vez em mais e maior força, colmatando as falhas da comunicação social relativamente a essa área. Além de leitores, também escritores e editoras apostam cada vez mais na internet e nos blogues para a divulgação e promoção dos livros. De que forma é que os blogues podem cumprir com essa função, como é que os editores
e os escritores encaram os blogues, que credibilidade dão os leitores a esses espaços alternativos
foram algumas das questões abordadas, no dia 5, na Feira do Livro do Porto.

Inicialmente um pouco com receio de uma exposição pública (quem me conhece sabe que sou extremamente tímida e não me sinto à vontade em frente a um público), a tertúlia correu bastante bem, de um modo informal, como se de uma conversa de amigos se tratasse. Provavelmente o jantar que tivemos antes, e que contou com a presença de Rosa Lobato de Faria (uma das minhas autoras preferidas), contribuiu em muito para isso.
Uma experiência enriquecedora, onde se falou bastante de livros e do papel dos blogues na divulgação dos mesmos e na importância que as editoras dão cada vez mais à blogosfera.
Um agradecimento especial à Porto Editora por ter proporcionado tão agradável debate.
WOOK - www.wook.pt